Pois é.
Vai ficar meio desconexo o texto porque não estou me preocupando muito em explicar alguma coisa. Mesmo porque muitas coisas nem eu mesma ainda consegui entender. Mas estou colocando à prova.
Eu já não sei bem o que fazer e para onde correr no que diz respeito a uma irritação muito profunda, muito profunda, dentro de mim. Tenho convivido com isso, com alguns momentos de pausa, de intermezzo, que duram alguns minutos ou algumas horas. Até tudo voltar.
E é estranho porque, primeiro, eu realmente não sou assim. Como todo mundo, tenho meus momentos de mau humor, mas eles precisam necessariamente de algum estopim para acontecerem. A diferença é que agora, não. Agora é um sentimento constante sem nenhum motivo específico. E, se os motivos surgirem, vixi.
É algo por dentro. Vem de dentro de mim.
Evidente que estou observando e ponderando as várias possíveis causas. Algumas óbvias, eu sei. Mas não são suficientes, não explicam tudo. Pensei em fazer um exame médico; aparentemente não tem nada de errado, o hipotireoidismo está (acredito) controlado, desde o começo do ano. Por via das dúvidas, tenho tomado Lugol (http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-solu%C3%A7ao-iodo-lugol-desintoxica%C3%A7%C3%A2o-metais-pesados-fluor-etc-solu%C3%A7%C3%A3o-barata), o que, dizem, poderia substituir a tiroxina mas, por conta própria, não tiro. Sofri muito com hipotireoidismo para agora cortar a medicação. Só que irritação está longe de ser um dos sintomas...
O outro prisma de observação é o espiritual e tenho que dar a mão à palmatória nesse assunto. Tudo pra mim é novo. A despeito de tudo que falam e deixaram de falar sobre o candomblé - as cobranças de santo, como o santo se comporta, a perigosa ciumeira do meu orixá em especial, Oxum, a observação silenciosa do pai de santo e demais senhores e senhoras velhas da religião, uma espécie de "deixa ela ir" - mas, de longe, noto um acompanhamento sutil da yakekere e de uma das ekedys da casa com quem me dou muito bem. Já li coisas absurdamente horrorosas a respeito de pessoas que saíram do candomblé, e também já li opiniões e conselhos muito sensatos. No meu caso, pessoalmente, só ouvi opiniões e conselhos sensatos, nada que impeça meu livre arbítrio mas, evidente, "o que foi feito está feito".
Ou seja, não importa onde eu esteja ou o que esteja fazendo, os quatro orixás que nasceram comigo continuarão comigo, até a minha morte.
Aí vc pensa "ah, poesia". Mas nada no candomblé funciona assim.
O candomblé não depende da sua fé para funcionar, isso eu já aprendi. Ele caminha com suas próprias pernas, segue suas próprias regras, imutáveis, antiquíssimas. Ignorar isso é como tentar ignorar a existência da gravidade - ela está lá, mesmo que vc não a "veja". São Leis. Isso eu posso falar por experiência própria, de alguém que foi, viu, cética, racional, e experimentou coisas totalmente novas no corpo, na mente, em tudo.
Aí, a igreja. A igreja - mais especificamente, a missa - me dá um sentimento de paz, o intermezzo que citei. De novo, não querendo mas já dando a mão à palmatória, não posso negar a eficiência, o carisma e a inteligência de Denis Burgerie, o francês que não abraça mulheres. rs Não posso e nem quero negar a santidade do lugar e como realmente é bom estar ali, cantando, tocando, fazendo parte daquilo. Quando me concentro bem no que está acontecendo, saio com uma sensação de que tudo vale muito a pena. Estar lá vale muito a pena.
Mas ao acordar no outro dia, tudo volta ao "normal".
Tenho sido ríspida com funcionários, as palavras agressivas simplesmente vêm, uma sinceridade cortante, uma inquietude e uma enorme sensação de "saco cheio". Tenho motivos para estar assim no trabalho, sim. Mas esse tipo de coisa eu não levo para casa. Minha casa sempre foi meu refúgio, eu não chego aqui e fico descarregando a raiva no Ricardo ou nos bichos, ou na louça... no máximo, às vezes, no piano.
De novo, isso não faz parte de mim. Por isso a estranheza, o incômodo, o controle permanente pra não criar problemas maiores, o antidepressivo que ainda não comecei a tirar e que TENHO que começar a tirar (boa hora pra isso, né...), o rivotril, suplementos vitamínicos, o cigarro, a cama, o sono, a fuga.
Tenho evitado até conversar com amigos porque estou sempre "prestes a".
Não fiz nenhum "banho" do candomblé, ou oferenda, nem uma única vela para testar a procedência disso, caso seja espiritual. Tenho rezado.
Lido bem com minha pomba-gira, sei como agradá-la, sei como contornar a situação com ela.
Mas, se for Oxum, aí 'deu ruim' pra mim.
Discretamente, tenho feito algumas coisas que sei que ela gosta. Não vem ao caso descrever aqui, mas também sei o que a agrada.
Quem não tem orixá não sabe e não entende, mas ele (ela, no caso) é como uma outra pessoa dentro de você. Orixá não incorpora. Orixá se MANIFESTA. É completamente diferente. Entidades incorporam (de fora para dentro). Orixá se manifesta (de dentro pra fora). Quando fiz o santo, a sensação era muito parecida - não ficava o tempo todo irritada mas era algo do tipo "não chegue perto de mim e não me abrace!". Era muito claro. A reação a abraços era instantânea, como se um porco espinho aflorasse dentro de mim.
Hoje a sensação é a mesma e permanente. Permanente.
Ao contrário do que sempre eu faço, tenho esperado e observado. Tá, busco paliativos de todo o lado, desesperadamente. Mas nada que defina realmente a situação. Dia após dia, tenho observado. Hoje aspergi água benta na Casa da Cultura, todinha. Rezei.
Não tenho tido sonhos significativos a respeito e não posso afirmar que a dualidade candomblé-igreja seja a responsável por isso. Não posso ir por essa linha de pensamento porque não considero nada antagônico a coisa alguma.
Mas conheço a bruxa Oxum, a dona da coruja. Dentro do esteriótipo do orixá e dentro da minha experiência como filha de santo, sei o que ela quer.
Aguardemos.
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