Dia difícil.
Um turbilhão de emoções que ameaça o consagrado, procurado e reconhecido 'mundialmente' bom senso de Lucy... rs
Ontem fiz uma limpeza espiritual na casa da minha sogra. Ela podia fazer. Qualquer um pode fazer. Acontece que ela não confia em si. Confia em mim, então lá fui eu. Não tomei muitas precauções para realizar o ritual, de propósito, testando minha suscetibilidade ao ato mas, claro, me concentrei. Afinal, não estava brincando.
Casa carregada, um cômodo em especial. Era difícil respirar nesse cômodo mas, devagar e com teimosia, disse mentalmente que não sairia de lá até limpá-lo de forma total. Enfrentei resistência, o que de certa forma me provocou uma certa raiva, ao invés de compreensão.
Imediatamente senti o peso da casa me esgotando. Continuei. Fui até o final, ela me agradeceu, vim para casa e tomei um banho normal. Cansada, ensaiei algumas coisas e fui para a cama. Desmaiei.
Hoje ela me liga não sabendo nem como agradecer. Disse que todas as suas dores sumiram. Que sua energia voltou, que nunca se sentiu tão bem. Cética - como todo médium - agradeci mas as questões vieram. Sim, tinha coisa lá. Sim, fiz o que sei fazer para tirar e sabia que isso iria afetar positivamente a ela.
Um ritual lida especificamente com o inconsciente, e o inconsciente só entende e responde à estímulos visuais. Ele não entende a lógica verbal ou matemática. Ele entende símbolos, intenções, emoções, ele é o self profundo ao qual não temos acesso, a não ser através da arte em geral, da meditação ou durante o sono, nos sonhos.
A pergunta é, o inconsciente dela entendeu o que eu fiz e ACREDITOU - por que isso é importante - ou tive a força necessária para fazer o ritual funcionar?
Provavelmente as duas coisas.
Ainda hoje, a ekedy da casa de candomblé me chama no whats para saber como estou. Digo que estou bem. Começamos a conversar e lá vem as declarações de amor, de carinho, de saudade. É duro.
Para uma órfã como eu, o apelo de 'família' vem com a força de um furacão. Tentando não dar muito a entender isso a ela, medindo as palavras, respirando fundo, segurando a emoção, fui respondendo com educação e às vezes tentando desviar o assunto, sem muito sucesso.
Difícil escrever sobre isso, ainda agora.
Estou novamente cansada, um pouco mais do que ontem, com inúmeras coisas para fazer e resolver na Cultura, e paralisada aqui. As coisas que ouvi dela - e sei o quanto ela gosta de mim - simplesmente... deram um nocaute emocional em mim.
Hoje muita coisa me levou pra lona.
Sei que não posso entrar nessa vibe, preciso me recuperar e rápido.
Me sinto perdida, sozinha e sem saber o que fazer, mas estou absolutamente acostumada com a sensação.
Na verdade, nessas últimas semanas, tenho notado muita sensibilidade. Pra tudo. Overreaction. Estava pensando em começar a tirar o antidepressivo a partir das próximas semanas. Agora estou pensando em como fazer para continuar tomando.
Quero, num fim de semana, ir para São Paulo visitar um primo. As postagens dele não são muito animadoras no facebook. Sei que anda bebendo. Não vou lá para bancar a madre Teresa.
Quero, sim, beber junto com ele.
Quero ter um pouco da sensação de família que me falta, já que todo mundo mora em São Paulo. Ele me escreve coisas belíssimas. Diz que tem orgulho de ser meu primo. Está sozinho.
Por hora, vou tomar um banho - água doce que me limpa a alma - e dormir.
O leitor já percebeu que uso o sono como válvula de escape, né?
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