terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dê um sorriso, Lucy.





Sinceramente sei bancar a cantora líder, front woman da Brexó, mas se eu fosse cantar como cantora solo minha atitude não seria front woman carismática de forma alguma.

Eu já citei aqui várias vezes como tenho um certo desprezo pelo público, embora eu goste, sim, de aplausos e me preocupe com o resultado do que está saindo. O desprezo não é um "despreeeeeezo"... e sim uma atitude de "estou me lixando se alguns de vocês não gostarem, eu sei o que estou fazendo e sei que está muito bom". Isso é desprezo? rs

Talvez não, mas uma boa dose de arrogância, sim. Acho que sim.

Minha atitude, com o Café e com a Brexó, sempre é no sentido de "vim aqui para dominar". Sei que é bom, mas ao mesmo tempo não é simpático. Eu sou muito tímida e encaro muito como trabalho a coisa toda. Depois de alguns anos pude perceber que tem, sim, um sex appeal aí, uma postura sedutora diante do público. Sedutora e cheia de desdém.

Não é nada muito pra cima, muito feliz, muito aberta, muito simpática. É poser. Isso não me custa fazer, sai naturalmente. O que não sai naturalmente é, às vezes, uma espontaneidade convidativa que, é óbvio, não faz parte da minha personalidade.

No Café Society, a interação com o público é mínima, mínima, mínima. Eu falo o básico do básico. Brincar, só se estivermos muito à vontade, depois de já termos convencido todo mundo que somos realmente bons. No Café é muito fácil ganhar o público. Depois disso, posso tocar o que quiser que tudo fica sendo o máximo.

Na Brexó, não. Na Brexó sinto uma pressão para ser um pouco além do que sou e na verdade acho correta a pressão, porque quando se tem uma determinada visão de como a banda deve se comportar devemos agir de acordo. Mas... cá com os meus botões, volta e meia, me bate insegurança.

Como vocalista eu melhorei muito, minha voz sai melhor, mais afinada e mais alta. Quando o tamanho do palco permite, dá pra dar uma de "estrela" nos moldes clássicos e estereotipados de "estrela". 

Tô escrevendo tudo isso porque me senti incomodada com um vídeo que vi e compartilhei, da Brexó. Não gostei da minha cara, na realidade! Totalmente de saco cheio, incomodada - eu me conheço! - e sei bem as razões para isso embora eu não vá escrevê-las aqui. Realmente não gostei. Tenho tentado e continuarei tentando arrumar isso, ter um pouco mais de 'enjoy' com a banda, ser mais espontânea. Fico um pouco preocupada. Não me sinto na depressão extrema em que eu estava, graças a Deus, mas eu ainda não cheguei lá. 

O começo do ano não foi nada fácil, junho foi o ápice da deprê, quando realmente decidi buscar ajuda médica, psicológica, espiritual, tudo. Continuo com o antidepressivo, alguns dias melhores, outros piores, outros desanimadores. E seguimos assim.

A queda de interesse aqui na Cultura foi impressionante, eu simplesmente parei mesmo de fazer as coisas, mantendo o básico para a estrutura de cursos funcionar e só. Ultimamente as ideias voltaram, a disposição também, mas às vezes fico pensando se isso não é mais um lance racional do que aquele ímpeto de vontade que te faz ir pra frente. O enjoy. O enjoy.

A igreja tem me ajudado. Um desânimo antes de ir, um alívio ao estar lá, um bem estar quando volto. Eu sei que tenho levado a igreja também como um lugar de fuga. Eu sei disso. Faz parte. Mas ok, não estou me recriminando por isso. Que seja. Eu me sinto bem e não vou me negar essa sensação.

Não é desculpa, mas que dá para ser usada como desculpa, dá, perfeitamente. Uma depressão horrorosa que me fez ir atrás de remédio... eu não vou tomando remédio assim, por nada. Tenho uma resistência, um certo preconceito talvez, a esses medicamentos. Primeiro, o medo de ficar dependente. Segundo, aquela sensação de "pára, isso é frescura"... terceiro, aquela coisa orgulhosa que faz com que você tente lidar com o problema de forma racional, se achando capaz, por si só, de se curar milagrosamente. Depressão é doença, não mi mi mi. Eu busquei ajuda quando percebi que não ía conseguir. 

Nem sei porque estou falando nisso. Eu tinha escrito que não ía escrever sobre depressão. rs

Não sou uma pessoa deprê. Eu tenho e tive momentos deprês. Só isso.

Voltando às dificuldades em ser a estrela maxi mór mega da banda Brexó, tento melhorar, tenho inseguranças em relação a isso e já pensei em sair da banda por não me achar o perfil que imaginaram para ela. Sei do potencial musical que tenho e que acrescento no grupo. Disso não tenho dúvidas, eu nunca vou me desmerecer nessa área. Mas também sei que, às vezes, potencial musical é o que menos importa...



Então, é isso.




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