sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Estou bem melhor.

O clima político está tenso e eu estou no meio, mas procurando não me envolver além do que esperam de mim. A cidade respira política. Não era pra menos.

Já fiz bastante coisa, aliás, que achei que não faria, nessa campanha. Estava neutra e quieta. De repente, a coisa começou a pegar fogo e me vi de certa forma pressionada a mostrar a cara.

Não tenho problema em mostrar a cara, mas não queria muita exposição.

Mas faço pelo Dude.

Domingo faz 1 ano do assassinato dele. É muito triste e difícil o momento. Triste, porque era ele quem deveria estar disputando as eleições. Cheio de carisma, inteligente, macaco velho de política, o Dude tinha um planejamento e uma frieza de dar medo. Era um jogo de xadrez, pra ele. E ele sabia exatamente o que fazer, estava jogadas à frente do adversário. Saber que uma vida foi ceifada por isso... domingo será um dia triste. 

Os dois lados aqui estão receosos, ninguém tem coragem de cantar vitória. Já houve briga, já houve discussão, todo mundo nervoso. E eu.... eu na Casa da Cultura, aguardando os acontecimentos.

Toda aquela irritação interna desapareceu.

Não, não era tensão pré-menstrual. rs

Como eu já tinha escrito, não sabia exatamente o que era e continuo sem saber, mas sumiu. 

Fiquei semanas assim e o negócio simplesmente desapareceu, de forma tão estranha como veio. 

Tento disfarçar mas, como todo mundo, estou preocupada com o resultado das eleições. Quando o Dude morreu, sentimos um desânimo inacreditável em continuar, mas continuamos. Se o Tato perder, a sensação será a mesma.

Tenho eventos marcados na Casa da Cultura para os próximos meses e obviamente eu os farei, independente de quem vença. Vamos até o fim com a programação aqui. Vamos até o fim com que temos em mãos, com o que dá pra fazer. Essa é a ideia e é isso que eu farei.









quarta-feira, 28 de setembro de 2016





Pois é.

Vai ficar meio desconexo o texto porque não estou me preocupando muito em explicar alguma coisa. Mesmo porque muitas coisas nem eu mesma ainda consegui entender. Mas estou colocando à prova.

Eu já não sei bem o que fazer e para onde correr no que diz respeito a uma irritação muito profunda, muito profunda, dentro de mim. Tenho convivido com isso, com alguns momentos de pausa, de intermezzo, que duram alguns minutos ou algumas horas. Até tudo voltar.

E é estranho porque, primeiro, eu realmente não sou assim. Como todo mundo, tenho meus momentos de mau humor, mas eles precisam necessariamente de algum estopim para acontecerem. A diferença é que agora, não. Agora é um sentimento constante sem nenhum motivo específico. E, se os motivos surgirem, vixi.

É algo por dentro. Vem de dentro de mim.

Evidente que estou observando e ponderando as várias possíveis causas. Algumas óbvias, eu sei. Mas não são suficientes, não explicam tudo. Pensei em fazer um exame médico; aparentemente não tem nada de errado, o hipotireoidismo está (acredito) controlado, desde o começo do ano. Por via das dúvidas, tenho tomado Lugol (http://forum.antinovaordemmundial.com/Topico-solu%C3%A7ao-iodo-lugol-desintoxica%C3%A7%C3%A2o-metais-pesados-fluor-etc-solu%C3%A7%C3%A3o-barata), o que, dizem, poderia substituir a tiroxina mas, por conta própria, não tiro. Sofri muito com hipotireoidismo para agora cortar a medicação. Só que irritação está longe de ser um dos sintomas...

O outro prisma de observação é o espiritual e tenho que dar a mão à palmatória nesse assunto. Tudo pra mim é novo. A despeito de tudo que falam e deixaram de falar sobre o candomblé - as cobranças de santo, como o santo se comporta, a perigosa ciumeira do meu orixá em especial, Oxum, a observação silenciosa do pai de santo e demais senhores e senhoras velhas da religião, uma espécie de "deixa ela ir" - mas, de longe, noto um acompanhamento sutil da yakekere e de uma das ekedys da casa com quem me dou muito bem. Já li coisas absurdamente horrorosas a respeito de pessoas que saíram do candomblé, e também já li opiniões e conselhos muito sensatos. No meu caso, pessoalmente, só ouvi opiniões e conselhos sensatos, nada que impeça meu livre arbítrio mas, evidente, "o que foi feito está feito".

Ou seja, não importa onde eu esteja ou o que esteja fazendo, os quatro orixás que nasceram comigo continuarão comigo, até a minha morte.

Aí vc pensa "ah, poesia". Mas nada no candomblé funciona assim.

O candomblé não depende da sua fé para funcionar, isso eu já aprendi. Ele caminha com suas próprias pernas, segue suas próprias regras, imutáveis, antiquíssimas. Ignorar isso é como tentar ignorar a existência da gravidade - ela está lá, mesmo que vc não a "veja". São Leis. Isso eu posso falar por experiência própria, de alguém que foi, viu, cética, racional, e experimentou coisas totalmente novas no corpo, na mente, em tudo.

Aí, a igreja. A igreja - mais especificamente, a missa - me dá um sentimento de paz, o intermezzo que citei. De novo, não querendo mas já dando a mão à palmatória, não posso negar a eficiência, o carisma e a inteligência de Denis Burgerie, o francês que não abraça mulheres. rs Não posso e nem quero negar a santidade do lugar e como realmente é bom estar ali, cantando, tocando, fazendo parte daquilo. Quando me concentro bem no que está acontecendo, saio com uma sensação de que tudo vale muito a pena. Estar lá vale muito a pena.

Mas ao acordar no outro dia, tudo volta ao "normal".

Tenho sido ríspida com funcionários, as palavras agressivas simplesmente vêm, uma sinceridade cortante, uma inquietude e uma enorme sensação de "saco cheio". Tenho motivos para estar assim no trabalho, sim. Mas esse tipo de coisa eu não levo para casa. Minha casa sempre foi meu refúgio, eu não chego aqui e fico descarregando a raiva no Ricardo ou nos bichos, ou na louça... no máximo, às vezes, no piano.

De novo, isso não faz parte de mim. Por isso a estranheza, o incômodo, o controle permanente pra não criar problemas maiores, o antidepressivo que ainda não comecei a tirar e que TENHO que começar a tirar (boa hora pra isso, né...), o rivotril, suplementos vitamínicos, o cigarro, a cama, o sono, a fuga.

Tenho evitado até conversar com amigos porque estou sempre "prestes a".

Não fiz nenhum "banho" do candomblé, ou oferenda, nem uma única vela para testar a procedência disso, caso seja espiritual. Tenho rezado.

Lido bem com minha pomba-gira, sei como agradá-la, sei como contornar a situação com ela.

Mas, se for Oxum, aí 'deu ruim' pra mim.

Discretamente, tenho feito algumas coisas que sei que ela gosta. Não vem ao caso descrever aqui, mas também sei o que a agrada.

Quem não tem orixá não sabe e não entende, mas ele (ela, no caso) é como uma outra pessoa dentro de você. Orixá não incorpora. Orixá se MANIFESTA. É completamente diferente. Entidades incorporam (de fora para dentro). Orixá se manifesta (de dentro pra fora). Quando fiz o santo, a sensação era muito parecida - não ficava o tempo todo irritada mas era algo do tipo "não chegue perto de mim e não me abrace!". Era muito claro. A reação a abraços era instantânea, como se um porco espinho aflorasse dentro de mim.

Hoje a sensação é a mesma e permanente. Permanente.

Ao contrário do que sempre eu faço, tenho esperado e observado. Tá, busco paliativos de todo o lado, desesperadamente. Mas nada que defina realmente a situação. Dia após dia, tenho observado. Hoje aspergi água benta na Casa da Cultura, todinha. Rezei.

Não tenho tido sonhos significativos a respeito e não posso afirmar que a dualidade candomblé-igreja seja a responsável por isso. Não posso ir por essa linha de pensamento porque não considero nada antagônico a coisa alguma.

Mas conheço a bruxa Oxum, a dona da coruja. Dentro do esteriótipo do orixá e dentro da minha experiência como filha de santo, sei o que ela quer.

Aguardemos.














quinta-feira, 22 de setembro de 2016







Dia difícil.

Um turbilhão de emoções que ameaça o consagrado, procurado e reconhecido 'mundialmente'  bom senso de Lucy... rs

Ontem fiz uma limpeza espiritual na casa da minha sogra. Ela podia fazer. Qualquer um pode fazer. Acontece que ela não confia em si. Confia em mim, então lá fui eu. Não tomei muitas precauções para realizar o ritual, de propósito, testando minha suscetibilidade ao ato mas, claro, me concentrei. Afinal, não estava brincando.

Casa carregada, um cômodo em especial. Era difícil respirar nesse cômodo mas, devagar e com teimosia, disse mentalmente que não sairia de lá até limpá-lo de forma total. Enfrentei resistência, o que de certa forma me provocou uma certa raiva, ao invés de compreensão.

Imediatamente senti o peso da casa me esgotando. Continuei. Fui até o final, ela me agradeceu, vim para casa e tomei um banho normal. Cansada, ensaiei algumas coisas e fui para a cama. Desmaiei.

Hoje ela me liga não sabendo nem como agradecer. Disse que todas as suas dores sumiram. Que sua energia voltou, que nunca se sentiu tão bem. Cética - como todo médium - agradeci mas as questões vieram. Sim, tinha coisa lá. Sim, fiz o que sei fazer para tirar e sabia que isso iria afetar positivamente a ela.

Um ritual lida especificamente com o inconsciente, e o inconsciente só entende e responde à estímulos visuais. Ele não entende a lógica verbal ou matemática. Ele entende símbolos, intenções, emoções, ele é o self profundo ao qual não temos acesso, a não ser através da arte em geral, da meditação ou durante o sono, nos sonhos.

A pergunta é, o inconsciente dela entendeu o que eu fiz e ACREDITOU - por que isso é importante - ou tive a força necessária para fazer o ritual funcionar?

Provavelmente as duas coisas.

Ainda hoje, a ekedy da casa de candomblé me chama no whats para saber como estou. Digo que estou bem. Começamos a conversar e lá vem as declarações de amor, de carinho, de saudade. É duro.

Para uma órfã como eu, o apelo de 'família' vem com a força de um furacão. Tentando não dar muito a entender isso a ela, medindo as palavras, respirando fundo, segurando a emoção,  fui respondendo com educação e às vezes tentando desviar o assunto, sem muito sucesso.

Difícil escrever sobre isso, ainda agora.

Estou novamente cansada, um pouco mais do que ontem, com inúmeras coisas para fazer e resolver na Cultura, e paralisada aqui. As coisas que ouvi dela - e sei o quanto ela gosta de mim - simplesmente... deram um nocaute emocional em mim.

Hoje muita coisa me levou pra lona.

Sei que não posso entrar nessa vibe, preciso me recuperar e rápido. 

Me sinto perdida, sozinha e sem saber o que fazer, mas estou absolutamente acostumada com a sensação.

Na verdade, nessas últimas semanas, tenho notado muita sensibilidade. Pra tudo. Overreaction. Estava pensando em começar a tirar o antidepressivo a partir das próximas semanas. Agora estou pensando em como fazer para continuar tomando.

Quero, num fim de semana, ir para São Paulo visitar um primo. As postagens dele não são muito animadoras no facebook. Sei que anda bebendo. Não vou lá para bancar a madre Teresa.

Quero, sim, beber junto com ele.

Quero ter um pouco da sensação de família que me falta, já que todo mundo mora em São Paulo. Ele me escreve coisas belíssimas. Diz que tem orgulho de ser meu primo. Está sozinho.

Por hora, vou tomar um banho - água doce que me limpa a alma - e dormir.

O leitor já percebeu que uso o sono como válvula de escape, né?









quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Missa belíssima ontem, no Santuário.

As músicas fluíram bem e, especialmente, na música pós comunhão, a letra se encaixou direitinho com o que a moça da leitura estava falando. Parecia que tínhamos combinado e uma atmosfera espiritual de adoração profunda se instalou no lugar.

Observando a igreja enquanto tocava o pós, percebi que poderíamos ficar lá por mais meia hora, se quiséssemos, porque ninguém iria embora. Ninguém queria deixar aquilo. O choro era livre. Marcos, um dos vocalistas, não conseguia cantar.

Me emocionei também, é claro, mas ainda assim estou tocando. Sou metade emoção, metade foco. rs
Sei lá como consigo fazer isso.

Recebi muitos elogios. Eu saio para ir embora e vou sendo parada para ouvi-los. Fico feliz, mas é o que sempre digo: esse dom me foi emprestado. Terei é que dar conta do que fiz com ele, isso sim. Não é meu. 

Escrevi isso no grupo do whats também, que se desdobra nos mesmos comentários elogiosos. Nunca deixei esse tipo de coisa entrar no meu coração.

Agora estou aqui na Cultura tentando manter a calma num dia cheio de pequeninos problemas que foram me irritando. Aqui estou brava desde ontem. Não sei se é o lugar, o que é. Mas sinto os nervos à flor da pele. Queria, num domingo, vir no prédio e simplesmente rezar, sabe? Rezar, jogar água benta rs... sei lá. Limpar de alguma forma. Porque sinto uma energia me afetando. Em casa estou de boa, aqui não.

Reflexo talvez desses dias que antecedem as eleições, talvez. Dia 02 de outubro... assassinato do Dude. Mesmo dia. É duro.

Estranhamente, não fui chamada para trabalhar nas eleições neste ano, eu, que sempre sou presidente de seção. Achei estranho, mas não vou ficar questionando. Talvez tenha sido um livramento, na verdade. Deixa que Deus sabe o que faz!

Vou sair um pouco mais cedo, comprar algumas coisas para a minha sogra que não está muito bem e me pediu para passar no mercado para ela, vou para casa e continuarei estudando as músicas para o ensaio de amanhã. 

Brexó do meu coração. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Tetas malignas

Bom! rs

São tantas tretas, por onde começo?

Sábado fui numa umbanda em Indaiatuba, Ricardo, contrariado, a tiracolo. Aquela coisa minha de "você vai sim e acabou". hehe Na verdade sou muito sutil nesse tipo de imposição, a não ser que não esteja com paciência. Geralmente estou.

Fervo por dentro, mas por fora sou atriz digna de Oscar... e também porque desgasta ter que fazer um banzé do oeste pras coisas, né. No fim você acaba falando coisa que nem estava pensando, mas na raiva você solta e isso é um perigo... a palavra lançada não volta e faz um tremendo estrago. Tento prestar atenção.

Não sou de ferro, mas tento prestar atenção.

Chegamos lá, pra resumir a história, e era gira de preto velho. Fomos os últimos a serem atendidos, fomos atendidos juntos, como casal. E ouvi uma cascata de elogios da entidade... rs

É bom ser elogiado, e é bom ser elogiado por um espírito. Ele disse que não ía dizer muita coisa porque nós "já sabemos bastante", nos abençoou, elogiou os nossos orixás (aí você, eu no caso, começo a ficar com a pulga atrás da orelha porque em nenhum momento mencionei que tínhamos santo, muito menos que fomos iniciados no candomblé), e aí o preto velho vira pra mim e fala "vc deixou de colocar café para o seu preto velho. Não tem mais. Coloca café pra ele!".

Realmente, colocava uma pequena xícara de café sem açúcar para o preto velho antes de qualquer um tomar. Parei de fazer isso quando saí do candomblé. Lógico que, chegando em casa, a primeira coisa que fiz foi fazer um café e "sarava preto velho, salve suas forças!".

Fomos ver a Corruptos, bebi uma cerveja, comi uma batata frita e... casa.

No domingo dormi a tarde inteira. Dormi à noite também. E finalmente, finalmente, hoje eu estava disposta pela manhã! É absurda a diferença.

Hum, vejamos.... comecei o dia já invocada, aí fui resolvendo as coisas e me irritando ainda mais com as teimosias alheias, fiz um almoço simples e agora estou em casa. Já limpei tudo (catiora Layla não dá folga), tenho que ouvir as músicas da Brexó, tenho que ouvir as músicas da missa de amanhã, tenho que ouvir as músicas do casamento de sábado.... e estou bem cansada.

Quando eu estou brava com alguma situação, eu sou assim: ou eu largo mão, ou eu pego com tudo, na marra, de birra. Eu sou insuportável quando eu resolvo assumir na marra porque minha vontade às vezes é mandar para aquele lugar, mas não. Não. Eu faço o joguinho, eu sou irritante. Eu vou levando a coisa no nível do insuportável, até que a outra pessoa espane, exploda, jogue pros ares, enquanto eu faço a egípcia. Reconheço esse tipo de comportamento há anos-luz de distância e é uma das coisas mais insuportáveis que existem numa pessoa. E eu, euzinha, sei me comportar assim...

Mas não é com todo mundo nem em todas as situações. Pra agir dessa forma eu realmente tenho que estar muito irritada. E é como eu me sinto em relação ao grupo da igreja...

Estamos na segunda, amanhã é a missa, Ricardo não sugeriu nenhuma música e o grupo parado, parado, parado, ninguém diz nada. Chego na Cultura, leio a liturgia, escolho as músicas, brava, brava, mando no grupo com um "bom dia!" como se acabasse de chegar de um passeio num jardim florido cheio de borboletas e beija-flores (hehe, continuo chateada), o povo vai respondendo aos poucos, tudo certo para amanhã.

E a pergunta que não quer calar é: E SE EU NÃO MANDASSE NADA??????

Aí, não satisfeita, porque hoje foi O dia, resolvo mandar um áudio para o chefe do setor de música. Me coloco à disposição para formar um coral a quatro vozes na igreja. Sei fazer, gosto de fazer, tenho um monte de partitura, algumas em latim, adoro latim, etc etc etc.

O cara ouve e nem se dá ao trabalho de responder.

Parto para nova tentativa de treta. Escrevo minha indignação no face pelo candidato da oposição não ter incluído o setor cultural no plano de governo dele (li todinho). Uma amiga do face marca o advogado dele no meu post. O post é compartilhado. Recompartilhado. Me ligam elogiando, e uma ligação em particular me lembra que foi justamente através de uma briga no face, defendendo o Dude, que chamei a atenção dele. Ele se divertiu com minhas respostas sempre irônicas (foi o que falei... eu nunca entro na pilha) e adorou o jeito agressivo, jeito que ele também possuía.

Ganhei o Dude numa briga. Marrento. Marrenta.

Aí, como a coisa já estava em ebulição mesmo, acabei discutindo com uma professora pelo WhatsApp. Tentando explicar a situação (pelas minhas contas, umas mil vezes) e enfrentando grande resistência, não perdi o controle mas fui muito, muito firme.

Antigamente não gostava dos comentários nos bastidores a respeito do meu temperamento, agora nem ligo. Estou ficando insuportável.

Na verdade, veja... não tenho uma postura de chefe inacessível na Cultura. Como a equipe é pequena, não vejo porquê ficar fazendo a Rapunzel trabalhada no "não me toque", na torre. Sou próxima, brinco bastante, mas quero que cada um saiba até onde vai o seu espaço, e alguns não sabem. Muitos me tratam respeitosa e formalmente (não forço a barra para ser informal com quem não quer isso, também), mas outros passam um pouco do limite. E é aí que tenho que mostrar quem manda.

Uso de todos os argumentos possíveis mas, quando eles são sumariamente ignorados, como hoje, aí o papo muda para "viu... eu decido, aqui. Ponto final".

E foi assim o dia de hoje! kkk

Vou agora fazer mais algumas coisas, precisava muito ouvir as músicas, estudar, mas...como o leitor já imagina, estou com sono. Vou tomar um banho e ir dormir.

Dormir BEM, para acordar BEM amanhã. Não sei o que é pior....rs

sexta-feira, 16 de setembro de 2016






Ontem fui de novo no candomblé.

Clima meio embaraçoso, eu toda hora sendo chamada de "dofonitinha" (dofonitinha é meu nome dentro do candomblé. Sou a segunda do "barco", a irmã do meio de dois irmãos e essa é a denominação para a segunda filha a ser "feita no santo"). Dofonitinha pra cá, filha pra lá, eu sentindo a familiaridade das coisas... tudo me causando saudade, os móveis, os santos, os cheiros. 

Saí, vim para casa e me permiti chorar por um tempo. Foi difícil.

Eu não me esqueço dos inúmeros motivos que me fizeram sair da casa, mas o fato é que gosto muito de algumas pessoas ali. E sei que essas "algumas" gostam de mim. O candomblé é uma estrutura familiar, pai de santo não é chamado de 'pai' à toa. O terreiro está numa chácara simples, rústica. Eu amo lugares simples. Vivi muita coisa dentro do candomblé e parece que, onde quer que eu esteja, sempre serei a dofonitinha, filha de santo. Tem uma frase muito repetida nos terreiros, que é "candomblé tem porta de entrada, mas não tem porta de saída". Começo a entender que essa porta de saída realmente não existe, por mais que você "saia". 

Você sai do candomblé enquanto estrutura física, casa. Mas o candomblé não sai de você.

Não, não foi suficiente para querer voltar. Eu não voltaria lá, na mesma casa, se tivesse intenções de voltar. A despeito de todo esse turbilhão de sentimentos, a igreja continua firme dentro de mim. A despeito de pai de santo, irmãos amados, lugar simples, contato com a natureza e etc, o catolicismo e, principalmente, a EUCARISTIA, são simplesmente indispensáveis.

A eucaristia é uma coisa fabulosa! 

Ontem conversei com muitas pessoas que me pediram os mais variados conselhos. Desde gente que trabalha comigo, evangélicos que vieram pedir minha opinião sobre determinados assuntos até amigas de infância com problemas de saúde, pessoas que eu não conversava há muito tempo. Tudo no mesmo dia, desde a manhã. Geralmente tenho uma opinião bem formada para dar, mas não é o que faço, dar de bandeja o que acho ou deixo de achar. O que faço é conversar com a pessoa com total imparcialidade até entender o que a pessoa quer, na verdade. 

E aí, simplesmente mostro pra ela o que ela realmente quer, sem subterfúgios.

Talvez por isso seja tão procurada. 

Gosto dessa confiança, mas não posso negar que estava cansada no final do dia. Não pego para mim o problema da pessoa. Pego, sim, um pouco da vibração da pessoa. Sei me limpar disso, mas ontem apenas tomei um banho e fui para a cama.

Fui dormir razoavelmente cedo, dormi bem como sempre mas, como sempre, acordo com sono. Hoje com muito sono, mesmo. Vim trabalhar e me senti mal, zonza, muito impaciente, levei tempo para me centrar, para acordar. Existem fins de semana, quando não toco, que me dou o direito de dormir bastante, numa tentativa de passar bem durante a semana, de não me sentir assim, porque já está me atrapalhando muito. Imagine se eu precisasse dirigir na estrada, pela manhã? Se eu tivesse uma reunião, ou qualquer coisa importante, ou uma apresentação? Estou pensando em ir ao médico, independente de qualquer coisa. 

Na verdade sou teimosa. Eu teria que ir dormir muito mais cedo, porque eu preciso de mais horas de sono, simples assim. Acontece que é justamente à noite que gosto de ficar no computador, ou estudar piano, ou ler, ou assistir aos programas legais, filmes, até mesmo porque é só à noite que tenho tempo para isso. E aí vou ter que "dormir"?!?  Não, né. 

Tô pagando bem caro por isso, rs. Eu vou ter que mudar esse esquema.

Do mais, alguns diálogos me deixam extremamente feliz, amigos me deixam extremamente feliz e saber que também sou querida por eles me deixa extremamente feliz. 











quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A Terceira Margem do Rio






Toda vez que abro para escrever aqui automaticamente me vem jogar assuntos sérios e pesados, pois uso o blog principalmente para exorcizar meus fantasmas. Ou dar indiretas ácidas, hehe...

Mas não. Chego em casa e me perco entre a pianista que quer arrumar a casa, a cantora que deseja ler Guimarães Rosa e a dona de casa que precisa arrumar o repertório da apresentação de sábado.

Ao invés de tudo isso, sento-me no sofá, laptop no colo, e resolvo ouvir todas as palestras que ainda não ouvi, os debates que não debati, as músicas que não toquei, as ideias que ainda não tive... com um odú incessante nos fones de ouvidos, rebatendo lá no fundo da alma...

Verdade que há quem queira decifrar a esfinge diante de um decifra-me ou devoro-te sutil debaixo de claro riso, letal como o mais discreto invertebrado do Pacífico. Risca terceira, duro silêncio nosso pai.

A liberdade é dom generoso que se derrama de braços continuamente estendidos como chuva fria e adentra aos poros, peregrino sedento, como ave confiante no alimento, como criança alegre que atravessa a rua na mão de estranho. A liberdade é bendita e cobra sua sabedoria, não desperdice a água, o rio riu e ensinou em suas margens empíricas. Tudo está à sua disposição. Beba da fonte. Mergulhe no fundo. Pule no vazio. Caminhe na beirada. Nada evite. Nada descarte. Nada subjugue. Por entre as árvores da vida o rio riu, ri. 

E caminhamos em meio a luz e sombra, certezas e invisíveis flechas cujas pontas trazem curare certeiro, respiração ruidosa consciente, dia após dia, mês após mês enquanto você, você vaga, vagamente se lembrando de quem era e do que queria com todas as forças. Quando não se preocupava em levar o guarda chuva ou tomar o remédio ou perder as chaves. Você andava na beirada com tal desenvoltura e equilíbrio que a margem virava chão firme sob seus pés. E você não sabia. Você apenas ía. Não há caminho errante para quem sabe onde ir.
















terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dê um sorriso, Lucy.





Sinceramente sei bancar a cantora líder, front woman da Brexó, mas se eu fosse cantar como cantora solo minha atitude não seria front woman carismática de forma alguma.

Eu já citei aqui várias vezes como tenho um certo desprezo pelo público, embora eu goste, sim, de aplausos e me preocupe com o resultado do que está saindo. O desprezo não é um "despreeeeeezo"... e sim uma atitude de "estou me lixando se alguns de vocês não gostarem, eu sei o que estou fazendo e sei que está muito bom". Isso é desprezo? rs

Talvez não, mas uma boa dose de arrogância, sim. Acho que sim.

Minha atitude, com o Café e com a Brexó, sempre é no sentido de "vim aqui para dominar". Sei que é bom, mas ao mesmo tempo não é simpático. Eu sou muito tímida e encaro muito como trabalho a coisa toda. Depois de alguns anos pude perceber que tem, sim, um sex appeal aí, uma postura sedutora diante do público. Sedutora e cheia de desdém.

Não é nada muito pra cima, muito feliz, muito aberta, muito simpática. É poser. Isso não me custa fazer, sai naturalmente. O que não sai naturalmente é, às vezes, uma espontaneidade convidativa que, é óbvio, não faz parte da minha personalidade.

No Café Society, a interação com o público é mínima, mínima, mínima. Eu falo o básico do básico. Brincar, só se estivermos muito à vontade, depois de já termos convencido todo mundo que somos realmente bons. No Café é muito fácil ganhar o público. Depois disso, posso tocar o que quiser que tudo fica sendo o máximo.

Na Brexó, não. Na Brexó sinto uma pressão para ser um pouco além do que sou e na verdade acho correta a pressão, porque quando se tem uma determinada visão de como a banda deve se comportar devemos agir de acordo. Mas... cá com os meus botões, volta e meia, me bate insegurança.

Como vocalista eu melhorei muito, minha voz sai melhor, mais afinada e mais alta. Quando o tamanho do palco permite, dá pra dar uma de "estrela" nos moldes clássicos e estereotipados de "estrela". 

Tô escrevendo tudo isso porque me senti incomodada com um vídeo que vi e compartilhei, da Brexó. Não gostei da minha cara, na realidade! Totalmente de saco cheio, incomodada - eu me conheço! - e sei bem as razões para isso embora eu não vá escrevê-las aqui. Realmente não gostei. Tenho tentado e continuarei tentando arrumar isso, ter um pouco mais de 'enjoy' com a banda, ser mais espontânea. Fico um pouco preocupada. Não me sinto na depressão extrema em que eu estava, graças a Deus, mas eu ainda não cheguei lá. 

O começo do ano não foi nada fácil, junho foi o ápice da deprê, quando realmente decidi buscar ajuda médica, psicológica, espiritual, tudo. Continuo com o antidepressivo, alguns dias melhores, outros piores, outros desanimadores. E seguimos assim.

A queda de interesse aqui na Cultura foi impressionante, eu simplesmente parei mesmo de fazer as coisas, mantendo o básico para a estrutura de cursos funcionar e só. Ultimamente as ideias voltaram, a disposição também, mas às vezes fico pensando se isso não é mais um lance racional do que aquele ímpeto de vontade que te faz ir pra frente. O enjoy. O enjoy.

A igreja tem me ajudado. Um desânimo antes de ir, um alívio ao estar lá, um bem estar quando volto. Eu sei que tenho levado a igreja também como um lugar de fuga. Eu sei disso. Faz parte. Mas ok, não estou me recriminando por isso. Que seja. Eu me sinto bem e não vou me negar essa sensação.

Não é desculpa, mas que dá para ser usada como desculpa, dá, perfeitamente. Uma depressão horrorosa que me fez ir atrás de remédio... eu não vou tomando remédio assim, por nada. Tenho uma resistência, um certo preconceito talvez, a esses medicamentos. Primeiro, o medo de ficar dependente. Segundo, aquela sensação de "pára, isso é frescura"... terceiro, aquela coisa orgulhosa que faz com que você tente lidar com o problema de forma racional, se achando capaz, por si só, de se curar milagrosamente. Depressão é doença, não mi mi mi. Eu busquei ajuda quando percebi que não ía conseguir. 

Nem sei porque estou falando nisso. Eu tinha escrito que não ía escrever sobre depressão. rs

Não sou uma pessoa deprê. Eu tenho e tive momentos deprês. Só isso.

Voltando às dificuldades em ser a estrela maxi mór mega da banda Brexó, tento melhorar, tenho inseguranças em relação a isso e já pensei em sair da banda por não me achar o perfil que imaginaram para ela. Sei do potencial musical que tenho e que acrescento no grupo. Disso não tenho dúvidas, eu nunca vou me desmerecer nessa área. Mas também sei que, às vezes, potencial musical é o que menos importa...



Então, é isso.




segunda-feira, 5 de setembro de 2016

E demorou pouquíssimo tempo para eu abrir as asas e dominar o grupo do santuário. haha

Não vou negar, eu gosto de estar na liderança. Confio muito no que eu faço, eu sei fazer, então fica aquela coisa de "joga a bola pra mim". E foi o que aconteceu. Porém, porém, tentando sempre ter cooperação, e não simplesmente ser a líder que decide e se fecha a opiniões.

Primeiro, como sou menina (!), sou carinhosa. Converso com eles. Conto sobre mim e quero que eles contem sobre eles. Tento dar atenção a todos e não me fechar em panelinha.

Segundo, embora eu esteja com a faca e o queijo na mão, ainda pergunto a eles se está tudo bem com o repertório, o que acham, tal. Tem gente lá com 15 anos de santuário. Eu tô indo pra 2, 3 meses. Não dá, né. Um pouco de bom senso é o mínimo. 

Na verdade quando eu falo que gosto de estar na liderança estou me referindo somente à parte musical. Tá, eu sei que é só isso que a gente faz também, (rs), mas eu não sou mandona. E pra eles, ter alguém que escolha as músicas, mude o tom a seu bel prazer (rs) e dê mastigadinho, com link no youtube e tudo, é o máximo de conforto, né. Basta ouvir. 

Não tem essa de escolher repertório na lanchonete, meia hora antes de começar a missa. Agora todas as músicas são mandadas por whats quase que uma semana antes. Sem desculpas. Sem corre-corre. Não exijo deles demais. Simplifico ao máximo as cifras. O foco continua sendo o mesmo, ou seja, tocarmos certo, sem ensaio. Basicamente isso...

Até mesmo entre as tradicionais da igreja católica e o povo que gosta muito da renovação carismática, Canção Nova e etc, tento fazer um meio de campo. Nem tudo que é atual é bom, e algumas antigas também não são legais. Pra falar a verdade, prefiro as antigas. Aqui e ali, como o Santuário permite, coloco algum Padre Fábio, alguma Adriana Arydes, alguma Vida Reluz... mas nada que descaracterize a missa como sendo 'missa', tradicional. 

O padre adora. rs



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Ouvido

O meu ouvido absoluto tem me prejudicado um pouco quando o assunto é analisar se a coisa está legal ou não. Faz um tempo já, mas ultimamente acho que tenho mais consciência, inclusive do porquê de nada estar "bom" quando ouço uma banda.

Não é só por ter uma certa exigência em relação à construção musical, acordes, arranjos e etc. É principalmente por ouvir uma constante desafinação, ou seja, as coisas sempre estão "quaaaaaaaaaaaase lá", mas não estão!

Ontem definitivamente tive a confirmação desse 'problema' no ensaio da Brexó. Algumas vozes "quase lá". O violão "quase lá". Evidente que ouço a minha voz também, "quase lá". 

Mas algumas coisas estão bonitas e perfeitas também, e aí não dá para reclamar. hehe

Tenho uma capacidade absurda de me desligar do mundo exterior quando ouço música e dou o crédito disso ao estudo do piano que exigia e continua exigindo muita concentração. Como estou bem treinada nisso, a concentração vem rápido e me sinto imersa numa infinidade de sons que geralmente estão certos. Mas não 100%. 

Lógico que quando se ouve um cd ou uma música no youtube as coisas estão bem arranjadinhas e afinadinhas, o problema é sempre ao vivo. Durante muito tempo, muito tempo mesmo, isso me desanimou. Desanimou ao ponto de realmente achar que não consigo chegar a lugar algum, porque quando existe a comparação - e sempre existe - tudo o que eu ouço de gravações ao vivo que fiz soam inferiores ao que eu gostaria de ouvir. Nada está bom para colocar no face, nada está bom para pôr no youtube, nada serve de cartão de visita e mesmo assim, meio a contragosto, tem muitas coisas que acabo deixando públicas, mesmo tendo que ouvir uma coisinha errada aqui ou ali. Se eu for seguir realmente meu nível de exigência, nunca vou estar satisfeita, então...

E a consciência que sempre vou ouvir algo que está "quase lá" me dá uma sensação estranha. 

No youtube, às vezes, procuro por corais com vozes em uníssono e quando estão corretas eu sinto um alívio tão grande! Me acalma! Tá, está parecendo paranóia isso, eu sei. Convivendo com as aulas de violino na sala em frente à minha, tenho percebido o quanto desejo sair do prédio (rsrsrs...) nesses dias. Geralmente saio mais cedo mesmo, mas só agora observei a real da coisa. O som não afinado totalmente me incomoda, me deixa tensa. 

Eu não estava notando que o problema era esse. Mas de repente caiu a ficha, o porquê invento qualquer coisa pra fazer fora do prédio nesses dias.

Hoje estou aqui, Guri rolando, eu com fones de ouvido, rs. 


Chatinha né. Mas é uma realidade.