terça-feira, 14 de junho de 2016

Sonhos







Eu fico impressionada com os meus sonhos.

Não importam o quanto dêem certo, e dão certo desde criança - por isso presto tanta atenção. A cada vez que um sonho, que vem como aviso, se concretiza no dia seguinte, minha reação é a mesma: perplexidade.

É um dom. Não importa onde eu esteja, em qual sistema religioso esteja, a sensibilidade continua comigo. E é óbvio. Todos têm, em maior ou menor grau. Acontece que, com essa vida louca que as pessoas levam, elas não conseguem ver. Algumas conseguem, mais ou menos. 

Na verdade, com essa vida louca que as pessoas levam, parece uma coisa meio demodé e ingênua dizer que se acredita em sonhos, ou que aconteceu uma premonição, ou que se passou por uma situação difícil e na hora 'H' a providência divina agiu. Admiro quem admite isso. Mas a verdade é que as pessoas têm coisas mais importantes com o que se preocupar...

Escrevo isso enquanto fumo um cigarro atrás do outro, nervosa pra variar, tendo que fazer valer minha voz de "diretora da Cultura de Elias Fausto", imersa num problema que julgava estar resolvido, em pleno período de férias; sendo dura e firme diante de gente que insiste em me ver como a adolescente de 14 anos que um dia conheceu e liderou. Com toda a boa vontade do mundo, tenho sido tolerante com certas situações, mas a paciência esgotou-se hoje. E aí, já viu...

Não gosto de chegar nessas situações-limite porque me conheço. Vou aguentando muita coisa por muito tempo, até que um dia a gota que faltava cai e eu mostro como posso ser o que as pessoas acham que eu não posso ser. E o pior disso tudo é que, uma vez alcançado esse limite, dificilmente volto atrás com a pessoa.  Me arrependo do nervosismo, sim, mas de resto continuo me vendo detentora da razão. E por quê? Porque sei o quanto me esforço para levar tudo de boa, sem dar merda para ninguém. Sei dos sapos que engulo, ignorando a folga alheia, tuuuuuudo para não chegar onde chegou hoje.

Mas ok.

Ok nada, tô super incomodada com a situação. 

Mas ok.

Como eu gostaria que as situações da vida se resolvessem numa conversa e cada um soubesse seu lugar, seu papel, sua responsabilidade, sem manipulação, sem interesses próprios movendo as ações, com cooperação, com envolvimento mútuo e com sinceridade. E acho, sim, que tudo isso é perfeitamente possível. Só não é comum.

Há alguns dias atrás sonhei a noite inteira. Três sonhos significativos, com começo, meio e fim. Muitos detalhes, lembro de todos eles. Um teve a confirmação no dia seguinte, como o de hoje. Outro foi devidamente passado adiante e o terceiro guardo aqui comigo. O tipo de sonho em que você acorda, volta a dormir e ele continua exatamente de onde parou. E isso aconteceu umas duas vezes. Se dormisse de novo, pela manhã, certamente ele continuaria. Mas me esforcei para não dormir e tudo parou.

No sonho que levo comigo, percebo que muita coisa faz sentido somente para mim - ou seja, não é um sonho premonitório. É um sonho que reflete em outra pessoa algumas dúvidas minhas. Acho que é meu inconsciente falando, me mostrando de forma lúdica, com imagens, questões que povoam minha mente. Na verdade, tenho certeza disso. E entendi o recado. O que fazer? Nada. Meditar a respeito. Tem a ver com questões profundas minhas e só fui reconhecer isso porque os móveis do lugar eram extremamente antigos, embora a situação do sonho em si seja totalmente atual.

Anos e anos de observação dos próprios sonhos...rs

"Às vezes as coisas são o que apenas parecem ser, sem nada demais", já dizia Bukowski. Mas às vezes o buraco é muito mais embaixo. 

Queria escrever sobre um video budista, mas ficará para o próximo post. Pois, assim como vêm, as palavras vão, se perdem, se confundem. Melhor deixar para a próxima mas, já adiantando, não concordo com muita coisa do que ouvi e li.

Fácil uma monge budista falar de amor, sem nunca ter se perdido na loucura de uma paixão, sem noites em claro, sem pensamentos confusos, sem o turbilhão na mente próprio dos apaixonados. Não.

















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