sábado, 18 de junho de 2016

Dores



Acabo de chegar do restaurante onde toquei. Comi muito e de propósito e, portanto, não posso nem pensar em dormir agora.

Escrevo "de propósito" porque geralmente como a metade do que acabei de comer para dormir logo mas, com essa dor insuportável, fiz questão de comer muito, de birra.

É a terceira ou quarta vez que fico travada assim. Na primeira eu, inocentemente, fui pegar uns galões de suco para o Guri e, na hora de tirar do carro, senti a dor. Não dei importância, fui para a minha sala e comecei a me sentir mal. Resolvi vir para casa e deitar um pouco... quando quis levantar, já era.

Desde então tenho tomado cuidado mas, claro, sem dor eu não fico pensando o tempo inteiro em tomar cuidado... 

Ontem fui cuidar das plantas e peguei um vaso, não muito pesado, colocando-o o chão. O movimento que fiz foi o bastante para começar a doer. Foi piorando, e eu teria ficado de repouso sem maiores problemas, se não tivesse que tocar hoje. Tomei remédios, relaxante muscular, remédio para dor... nada melhorou. E uma pessoa com dor é uma pessoa irritada, especialmente quando se trata de minha pessoa....

Pense, leitor, num mal humor infinito ao ir para Indaiatuba. Entrei no carro e me senti estranha, como se o movimento do carro me desse tontura. Em silêncio, entrei em pânico. Já estava pensando em ir direto para o hospital quando chegasse lá, me arrependendo de não ter desmarcado a data - não ía desmarcar um compromisso "só porque não consigo andar" (foi a resposta ríspida que dei para o meu marido). Ainda se estivesse sem voz.... mas doía, e está doendo, bastante.

Aí comecei a cantar, não conseguia virar as folhas da pasta, o movimento doía. Fiz um tremendo esforço, hoje. E a voz estava boa. Som bom. E eu na marra, com raiva. 

Fomos bem aplaudidos, o repertório surtindo o efeito esperado, que é mais ou menos "parem de comer e olhem espantados para a gente". Estou satisfeita com o resultado. Continuo com a dor, mas ok. Amanhã é domingo, ainda estou de férias, posso ir no hospital ou posso ficar quieta, quieta mesmo, na cama, apenas com anti-inflamatórios e os outros remédios... 

Não gosto dessa farmácia ambulante que estou me tornando, mas faz parte do momento.

Em uma dessas ocasiões de extrema dor, ainda estava no candomblé. Entrei no terreiro e o pai de santo vira e me fala "que dor é essa?! Que horror, senti aqui. Vou preparar um banho, vá direto para o banheiro. Tudo que eu não quero é ficar com dor hoje!". 

Não deu tempo nem de contar para ele que estava com dor....

Hoje, como médium, tenho uma explicação lado B,  um pouco mais sutil para isso... peguei "carrego", ou seja, alguém muito carregado e próximo a mim estava com sérios problemas. Cheguei perto, peguei, a pessoa ficou melhor e eu..... fiquei com o problema dela. Não que eu fique pensando que seja isso; mas a frase "você não acha estranho ficar assim? O vaso nem era pesado" que ouvi hoje, me fez lembrar dessa experiência no terreiro.

Sei fazer o banho que tomei aquele dia e que aliviou, sim, de imediato, as dores que sentia. Posso até fazer. Acontece que, como saí do candomblé, fico esperando que todo o "resto" também desapareça, de forma até ingênua, eu diria. Porque eu sei que não é assim que as coisas funcionam.

Médium é médium, e continua sendo médium mesmo fora de um terreiro; isso não se resume à sonhos, apenas. Mas ok. Ok. Tomarei as providências médicas e também as providências espirituais para a questão....

Por hora. Vou para a cama.







Nenhum comentário:

Postar um comentário