sexta-feira, 5 de agosto de 2016








Tento manter o hábito de escrever no blog, mas às vezes fica difícil saber o que escrever.

Sou muito sincera. Mas óbvio que "o coração de uma mulher é um oceano cheio de segredos", como dizia a Rose do filme Titanic, rsrs. Evidente que não escrevo tudo aqui. 

Tem coisas que não gosto de admitir nem para mim mesma. 

Uma dessas coisas é minha incapacidade de perdoar. Foda. mil vezes foda.

As coincidências da vida. Isso me ocorreu sábado passado, durante as visitas obrigatórias ao Santíssimo. É muito bom estar lá, mas se não fossem obrigatórias duvido muito que estaria lá toda semana.... iria, acho que umas duas vezes por mês, talvez. Não sei. O fato é que estava lá lendo um livro e de repente um pensamento nada a ver com o texto que estava lendo veio em mente: "você precisa perdoar seu pai. Perdoar de coração. Faça isso não só por você, mas também por ele, pois ele precisa do seu perdão".

Parei e fiquei pensando. Eu já "perdoei" meu pai. Rsrsrsrsrs.... só que não, né. Não. Claro que não perdoei. Eu entendo tooooooodos os processos, as carências dele, os problemas dele, tudo. Eu só não perdôo tudo o que ele me fez passar. Simples assim.

Fiquei chocada ao perceber essa realidade. Eu não penso nos meus pais. Sempre evitei ao máximo pensar na minha mãe, não por não querer ou por mágoa porque não tenho absolutamente NADA a reclamar dela. Ela foi perfeita. E justamente por ter sido perfeita e não estar mais aqui é que evito pensar nela, porque senão eu morro. Provavelmente. 

Então, se não penso nela, muito menos NELE.

Aí desço as escadas do Santíssimo e me deparo com um senhor que me coloca numa situação muitíssimo parecida ao que eu vivi com o meu pai e que me faz reviver todos os piores sentimentos que já tive.

Era pra se aprender alguma coisa, presumo. Mas até agora o que prevalece é só uma raiva profunda, silenciosa e perigosa. 

E uma decepção monumental...

Então, agora tenho que perdoar meu pai e esse digníssimo senhor, também. Só pergunta para mim se eu QUERO perdoar.

É claro que não. Eu nem vou escrever o que eu realmente desejo.

E aí, caro leitor, é com essa e outras coisinhas chatas, mas até então naturais do ser humano - a gente TENTA entender, né, mesmo quando tais coisinhas acontecem dentro de uma igreja - que fico tentando lidar...

Não sei. Às vezes tenho a impressão que pessoas religiosas são os piores tipos de pessoas. Vejo gente muito mais aberta, legal, leve e positiva do que os que se dedicam a realizar algum tipo de atividade religiosa. Parece que o ser humano não sabe lidar muito bem com os dogmas, as regras e tudo que envolve uma religião. Ele não entende que não é diferente de absolutamente NINGUÉM por estar fazendo o que quer que seja, dentro de uma igreja, por melhor que ache que esteja fazendo, por mais que esteja se esforçando. Às vezes, isso gera na pessoa um alto nível de julgamento - que todos nós temos, em maior ou menor grau - que desemboca num preconceito e, consequentemente, num afastamento de tudo aquilo que ela considera errado e pecaminoso.

Porque ela começa a se julgar muito separada do resto do mundo. Manja?

Enquanto isso, você pega um dos quatro evangelhos e lê lá que Jesus se sentava e comia com mulheres e cobradores de impostos (os piores da época), curava no sábado, perdoava a adúltera e quando ressuscitou escolheu Maria Madalena para dar o primeiro "oi".

Séculos se passam e tem gente que não aprendeu ainda.



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