domingo, 16 de outubro de 2016

Aí, ontem, Jeremias que não bate córner se diz umbandista e a identificação é imediata.

Falo que sou do candomblé. O fato é que não sou mais do candomblé.  rsrsrs...

Existe uma defesa imediata da minha parte quando alguém se diz umbandista ou candomblecista porque faz parte do povo de religiões africanas se auto-proteger. A gente compra muito a briga dos negros e de tudo que eles passaram e passam. Essas questões são muito fortes e, mesmo não sendo negras, as pessoas se envolvem em movimentos de reafirmação negra e tudo que se refira à auto estima negra (percebeu que eu nunca sei onde colocar o hífen, né? Na dúvida, como todo mundo escreve como quer hoje em dia, algumas vezes coloco, outras não, e buenas).

Fui almoçar com o pai de santo na quinta, fui tratada como rainha. Me serviu primeiro, coisa impensável num candomblé (hierarquia, baby. O pai pega primeiro, os filhos depois. Pede-se benção antes de comer). 

Sou desconfiada. Me tratou bem, não tocou no assunto religião, e eu volto pensando "ele fez isso pelo orixá. Fez para agradar Oxum". Há um receio grande no candomblé em relação à filhos de Oxum. Oxum é a personificação da bruxaria. Seus filhos são naturalmente bruxos. Ela, brava, é terrível.

O arquétipo combina comigo, é claro. Seu santo é sempre uma cópia da sua personalidade.

Se fosse chutar, na Brexó, talvez... Bruno seria Oxossi. Dinho, Xangô. Priscila, Iemanjá (avoada, como toda filha de Iemanjá). Andrelino é Oxaguian ou Ogum. Kico... voto em Oxossi, também. rs

Enfim, o fato é que uma filha de Iemanjá chegou bem na hora em que eu estava lá e começou a chorar, dizendo que tinha sonhado comigo e etc etc etc. Vim embora tranquila. Nada mudou. Nenhuma vontade de voltar ao candomblé. Mas por que falei que era do candomblé ao Jeremias? Pra defender a bandeira? Sim, pode ser.  O fato é que preciso parar com isso.

A casa tem os mesmíssimos problemas de convivência que tinha quando eu saí. E tudo o que eu não quero são "problemas de convivência". Mas não é só isso. Trata-se de fé também. Estou espantada com a minha própria firmeza no catolicismo. Evidente que essa força não é só minha. 

Estou sendo ajudada e sinto isso. Na verdade muita coisa já foi desligada, só falta EU colocar na cabeça que foram desligadas. Ficou uma certa nostalgia mas, entre nostalgia e força real há um abismo enorme. E a força real do candomblé, o axé - que insistem que continua comigo - sinto que foi, de certa maneira, desligado, sim.

Eu rezei para isso, não rezei? Eu não pedi para me desligar? Talvez a surpresa esteja no fato de ter sido atendida.

Falando em problemas de convivência, preciso conversar com a coordenadora do Guri e pedir desculpas. Ela entendeu minha explosão. E agora estou constrangida. Me arrependi do modo como agi (não me arrependo do CONTEÚDO, veja bem. Ainda me considero com a razão). Mas o modo de colocar foi desastroso. Amanhã preciso consertar isso, chamá-la para uma conversa e pedir desculpa pelo descontrole. Claro que vou colocar a culpa nas semanas de stress que passei na Cultura, mas eu sei que isso é apenas uma parte. A outra parte sou eu e minha dificuldade com o meu temperamento, sem desculpas.








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